O Brasil tem jeito?

Qual? Eu não conheço!

Existe um mar de lama nas coisas que criamos e que disputamos entre nós, não podemos negar que nossas disputas tomam formas, muitas vezes, avassaladoras.

Temos que admitir que não temos uma ética tão privilegiada na prática do trabalho ou das funções morais devidas a comportamentos saudáveis, dentro do que se pretende de uma sociedade civilizada.

Estamos quase sempre no limite de cada coisa, e cada coisa chega ao limite máximo quando ela não produz mais o efeito esperado para ordem social. Marcos Valério, Delúbio Soares, são apenas fragmentos de uma ordem política constituída a mais de um século neste país.

Ilusão dos que consideram que a corrupção se sustente somente nos atos ilícitos dos citados nas grandes fraudes e escândalos políticos.

A máquina administrativa é funcional com o processo de corrupção que a alimenta. O profissionalismo dos agentes políticos em Estados recheados por relações interpessoais de parentesco e manipulação de privilégios é fundamental na vida pública. Nós estamos aprendendo a lidar com a democracia agora. Temos muito que conseguir na formação de uma vida pública mais qualificada e gerada na função que lhe é necessária.

O romantismo maior nesta análise está na limitação da abordagem que muitos de nós faz ao tratar da vida pública ou do papel do Estado. A associação da política com o sucesso financeiro por exemplo tem criado a vocação para a corrupção mais que o mau caráter formador de seres humanos que se dedicam a vida pública.

Não estamos mais no caudilhismo agrário ou na superimposição da máquina estatal. Foi-se o tempo em que o coronelismo deveria se manter como um parâmetro para definir os personagens do comando nacional. Muitos menos a supermáquina estatal criada no governo getulista que se impunha sobre todos nós com uma autoridade absoluta, na que muitos se aproveitaram dela.

Agora é hora de acreditarmos no amadurecimento da sociedade politicamente organizada. Infelizmente não tivemos a experiência chilena de empossar o socialismo aventureiro e termos durante a república dos anos 50, ficamos na mazelas do populismo barato que ainda sobrevive sobre o governo Lula. Um resquício do populismo decadente. (Gilson Aguiar)